Abril indígena da UEA tem programação voltada para visibilidade e resistência

Programação terá intervenções da cultura indígena e lançamento do livro 'Canumã: A Travessia'.

A Universidade do Estado do Amazonas (UEA) promove nos dias 17 e 23 de abril atividades alusivas às comemorações ao abril indígena. A programação será realizada na Escola Normal Superior (ENS) e propõe intervenções acerca do tema ‘Visibilidade e resistência’ com abertura às 9h. Os participantes poderão observar as exposições de fotografias dos cursos de Pedagogia Intercultural Indígena, além da exibição e venda de artesanatos e produtos do ‘Centro de Medicina Indígena’.

Para a coordenadora e professora da UEA Celia Bertiol, o projeto ‘Tecendo diálogos interculturais’, que é desenvolvido em conjunto com outros docentes da ENS tem o intuito de promover o diálogo de reconhecimento e valorização das 14 etnias indígenas mapeadas no início do ano, que são representadas pelos acadêmicos. “O diálogo é direto entre os professores da universidade e a população indígena durante as reuniões do projeto. A academia deve pensar na presença, permanência e a resistência desses alunos, no dia 17 eles serão os grandes protagonistas, a pauta do evento foi idealizada por eles como uma maneira de visibilizar sua luta e mostrar que a universidade também é seu lugar”, enfatizou Bertiol.

Além das oficinas, mesas redondas, e apresentações culturais, a festividade conta com a participação das entidades convidadas como o Movimento dos Estudantes Indígenas do Amazonas (Meiam), a Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno (Copime), e ainda o Fórum de Educação Escolar Indígena do Amazonas (Foreia), entre outros, também faz parte da programação do evento o lançamento do livro ‘Canumã: A Travessia’, do professor colaborador do Curso de Pedagogia Intercultural Indígena da UEA, Ytanajé Coelho Cardoso.

A acadêmica do curso de licenciatura em ciências biológicas, Mayara Batista, que pertence à etnia Saterê Mawé denota que o projeto ‘tecendo diálogos interculturais’ é uma janela de visibilidade na luta por políticas públicas afirmativas dentro do meio acadêmico e que o mês de abril reforça a resistência e serve para desmistificar estereótipos e discursos preconceituosos. “Escolher se vamos ficar na aldeia ou entrar na universidade é um direito nosso que não pode ser negado e apesar do Amazonas ser o estado, que se concentra o maior número de populações indígenas, ainda existe a ideia do nativo exótico, que dança, canta e faz apresentação para turistas”, desabafou.

Sobre o autor do livro ‘Canumã: A Travessia’

Ytanajé Coelho Cardoso é graduado em Letras pela UEA, possui mestrado em Letras e Artes, e ainda atua como professor colaborador do Curso de Pedagogia Intercultural Indígena (PARFOR/UEA). Oriundo da aldeia Kwatá, localizado no rio Canumã, médio Rio Madeira, grande parte de seu trabalho acadêmico está voltado para a documentação das últimas falantes da língua munduruku do Amazonas, o que acabou se desdobrando na obra Canumã: a travessia.

Texto: Carol Givoni/ASCOM UEA

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