Estudante Tuyuka de medicina da UEA orienta indígenas sobre Coronavírus por vídeos

Gravações foram realizadas no Núcleo do Telessaúde Amazonas da UEA e serão enviadas para sete DSEI's e cinco comunidades indígenas.

“A transmissão de conhecimentos médicos ocidentais na língua indígena, como por exemplo, na língua do povo Tukano, só se torna compreensível a partir do momento em que os indígenas conseguem entender as informações transmitidas”. A afirmação é do estudante de medicina e indígena Tuyuka, Israel Fontes Dutra, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Israel, ao observar a dificuldade, gravou dois vídeo sobre a pandemia do novo Coronavírus (Covid-19) no Núcleo do Telessaúde Amazonas da UEA. As gravações, uma sobre ‘Prevenção’ e a outra com ‘Perguntas e Respostas’, serão enviadas para sete Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI’s) e cinco comunidades indígenas onde o Telessaúde está presente.

Dutra explica que a iniciativa surgiu dele após a maioria dos “parentes” informarem que a compreensão transmitidas na língua portuguesa eram difíceis. “Eles têm muita dificuldade, ou não entendem nada o significado das palavras expressadas. Diferente quando um dos filhos(as) deles, que estudou na área de saúde, transmite na língua paterna ou materna e ficam muito felizes. E, dizem: “Agora, sim, entendemos muito bem. Tragam mais informações sobre as doenças para nós; e venha nos cuidar”, explicou.

A gerente do Telessaúde Amazonas, Waldeyde Magalhaes, ressalta que o estudante já tinha um material preparado, com base nas orientações do Ministério da Saúde, e o Telessaúde viabilizou as gravações com a parceria do Centro de Mídias da UEA. “É uma inclusão social. Uma divulgação que será realizada dando a oportunidade aos indígenas”, destacou. Waldeyde informa que os vídeos serão enviados para as comunidades indígenas (São Gabriel da Cachoeira, Parintins, Barreirinha, Alto Nhamundá e Maués) a partir desta quinta-feira (2/04).

A responsabilidade de repassar as informações corretamente sobre a doença é de resguardar a cultura e a identidade indígena. “A preocupação é ajudar os mais velhos(as) e as lideranças indígenas, falantes da língua tucana da região do Rio Negro, a entender o que é Coronavírus, como é transmitido, quais são os principais sintomas, quem corre mais risco e como eles podem se prevenir, a partir da orientação do Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde. Tudo isso, para tentar evitar que a doença chegue nas comunidades”, finalizou.

Sobre o Núcleo

O Núcleo Técnico-Científico de Telessaúde do Amazonas surgiu da necessidade de oferecer conteúdo educacional, aprimoramento técnico-profissional, teleconsultorias e telediagnósticos aos profissionais de saúde que atuam em todo o Estado do Amazonas, bem como elaboração de Segunda Opinião Formativa (SOF) baseada em evidências, visando proporcionar apoio aos profissionais que atuam na rede de atenção básica à saúde (médicos, odontólogos, enfermeiros, técnicos e agentes comunitários de saúde e outros), integrantes da atenção básica no interior do estado, com oferta de serviços de saúde à distância, utilizando-se das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs).

O Núcleo tem a característica regionalizada, que leva em consideração as limitações econômicas, a cultura da população, a família ribeirinha ou indígena, a dificuldade de acessibilidade e se apresenta no contexto da universalização, integralidade e equidade, princípios norteadores do Sistema Único de Saúde (SUS).

Foto: Ascom/UEA

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