A Editora da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) está divulgando duas obras, lançadas recentemente, que abordam a temática dos relacionamentos abusivos, especialmente no contexto amazonense. Ambas foram escritas pelo Prof. Dr. Daniel Souza, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam): “Violência nas relações homossexuais masculinas em Manaus” e “Relacionamentos abusivos: significados atribuídos por jovens acadêmicos da Universidade Federal do Amazonas”, escrita em conjunto com a Prof.ª Dra. Iolete Silva, também da Ufam. No momento, elas estão disponíveis apenas no formato e-book, mas os autores têm interesse no lançamento de cópias físicas.
Ambas as obras são fruto do trabalho de formação e pesquisa de Souza, na área dos estudos de gênero: “Violência nas relações homossexuais masculinas em Manaus” é derivado de sua tese de doutorado, também em Psicologia. Especialmente nesta obra, Souza afirma que identificou uma lacuna na produção científica brasileira sobre o tema, após realizar uma revisão de literatura, juntamente com o Prof. Dr. Eduardo Honorato, da UEA, e aproveitou a oportunidade para lançar seu livro. Este aborda uma pesquisa qualitativa, onde Souza entrevistou oito homens homo e bissexuais residentes em Manaus, onde foi discutido sobre a violência experimentada em relações íntimas.
“Relacionamentos abusivos” é a adaptação da dissertação e dos artigos publicados por ele durante seu mestrado em Psicologia. A obra também consiste em uma pesquisa qualitativa, direcionada a um grupo de acadêmicos de graduação da Ufam, entre 18 e 29 anos, onde estes são questionados sobre o que acham que significa um relacionamento abusivo. Ele contou com a colaboração da professora Iolete Silva, que orientou a execução e escrita da pesquisa.
Discutindo o tema – Souza acredita que ainda é necessário avançar muito nas discussões dos temas abordados nas duas obras, especialmente em relação à violência nos relacionamentos homoafetivos. “A violência nas relações homossexuais torna-se invisível de inúmeras formas, de modo a passar a impressão de que esse fenômeno não existe, ou que seria mais fácil para uma pessoa homo ou bissexual acabar o relacionamento abusivo uma vez que este sujeito é enxergado como uma pessoa promíscua”. Ele também afirma que há pouquíssimas iniciativas de saúde LGBT em Manaus, e que a maioria destas foca somente na questão do vírus HIV, ignorando a dimensão social/psicológica dos sujeitos. “Mesmo que este vença o preconceito e busque ajuda do Estado para lidar com a violência sofrida, o sistema de justiça brasileiro, em geral, não está preparado para atender esses sujeitos”, reforçou.
É possível conferir os livros, na íntegra, nos links abaixo.
Texto: Pedro Xavier/Ascom UEA.