OUVIDORIA
O professor Arthur Ribeiro Costa e Silva, do curso de Letras do Centro de Estudos Superiores de Tabatinga da Universidade do Estado do Amazonas (CESTB/UEA), teve um artigo publicado na Revista do Centro de Estudos da Linguagem da Universidade Federal de Rondônia (UNIR). O estudo intitulado ‘Desvios e discursividade em perguntas de leitura: ressignificando erros no diálogo com alunos’, discute caminhos alternativos para a metodologia utilizada em perguntas de leitura, a partir do conceito da análise do discurso.
A pesquisa afirma que a técnica de perguntas de leitura, derivada da psicolinguística aplicada, propõe um trabalho com textos na escola a partir de uma sequenciação de questões de compreensão em um percurso que passa por decodificação, inferência e interpretação. Em alternativa a essa proposta, o artigo aborda o processo de leitura construído a partir do jogo entre formações discursivas, da ideologia, do inconsciente e da subjetividade clivada.
São analisadas, a partir dessas noções discursivas, três respostas de alunos a perguntas de leitura, buscando-se para essas respostas interpretações diversas das possíveis no âmbito da avaliação psicolinguística, no qual os resultados dos alunos seriam considerados como erros. As respostas foram selecionadas a partir de dados colhidos em turmas regulares do Ensino Fundamental de uma escola municipal de Belém (PA), que, ao longo de um ano, trabalharam com diversos exercícios de interpretação textual.
O objetivo do estudo foi lançar um olhar discursivo a algumas ocorrências do cotidiano do ensino de português e do trabalho de leitura de textos na escola que em geral seriam vistas como ‘erros’, e descartadas ou corrigidas pelo professor.
Antes de ser docente da UEA, Arthur Ribeiro foi professor da educação básica e, durante esse período, observou que a teoria do discurso, um dos campos estudados no curso de Letras, poderia contribuir para o trabalho da interpretação de texto. “Vi que a análise do discurso ajudava a dar sentido a esses acontecimentos imprevistos e atípicos, me levando a compreendê-los melhor e a dialogar melhor com os alunos sobre eles, chegando a um caminho mais produtivo do que a simples ‘correção’. O artigo é uma sistematização dessa experiência”, enfatizou.
Análises
O estudo apontou que os desvios presentes nas respostas dos alunos não constituem erros de leitura, mas sim interpretações constituídas no interdiscurso e na história, que, se bem compreendidas e trabalhadas na escola, têm o potencial de ampliar a experiência leitora de todos os envolvidos no processo.
“Para mim, o estudo representa um amadurecimento pessoal no campo complexo da Análise do Discurso. Também é importante como uma defesa de uma postura docente diferenciada, menos homogeneizante, menos autoritária, uma postura que valorize a subjetividade, a diferença e o diálogo, e seja capaz de refletir criticamente sobre técnicas pedagógicas que se oferecem no mercado, mas resolvem de forma apenas superficial os problemas que aparecem no cotidiano de um professor”, finalizou Arthur Ribeiro.
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