Livro organizado por pesquisador da UEA conta histórias sobre a origem do povo Tikuna

Obra apresenta narrativas do povo Tikuna no Alto-Solimões, maior população indígena da América Latina.

“Torü Duü’ Ügü” é uma expressão da língua tikuna que significa “Nosso Povo”. A frase expressa a necessidade de reconhecer que o povo conta sobre a própria história. “Torü Duü’ Ügü – Nosso Povo” é o título da coletânea de resenhas sobre a história da criação do povo Tikuna (ou povo Magüta) da região do Alto-Solimões, do Amazonas. O livro, lançado inicialmente nos anos de 1980, foi reeditado e reorganizado em 2021 pelo integrante do Centro de Estudos Superiores de Tabatinga da Universidade do Estado do Amazonas (CESTB/UEA) e professor do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas (PPGICH/UEA), Pedro Rapozo, e pesquisadores do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), João Pacheco de Oliveira e do Museu Magüta, Santo Cruz Pucüracü.

Os Tikuna representam a própria criação antes do “mundo dos brancos” expressando como tudo que é conhecido foi concebido a partir de entidades religiosas e da relação com a natureza. “É um livro para os indígenas produzido pelos próprios indígenas”, destaca Pedro.

Ao elaborar o trabalho, os organizadores focaram em propagar cultura, saberes e patrimônios indígenas do povo Magüta; difundir o material bibliográfico produzido a partir da perspectiva indígena para o ensino da educação patrimonial no sistema de educação público do Estado; e potencializar a divulgação turística do acervo patrimonial indígena do museu Magüta.

Segundo o docente, embora a UEA tenha participado da concepção do material, os principais propagadores do saber do povo Tikuna são os próprios Tikunas. O trabalho executado pelas instituições, professores e pesquisadores revela o compromisso socioambiental com a Amazônia e reconhece a necessidade em dar visibilidade cada vez mais aos saberes dos povos indígenas.

“Assim como os Tikunas, muitos povos de nossa região também merecem que sua cultura, identidade e territórios sejam valorizados. Cabe às universidades cumprirem o papel de popularizar o saber. Divulgar o saber e a cultura do povo é uma pequena parte daquilo que nossas instituições públicas comprometidas com a sociedade regional devem fazer”, alertou Rapozo.

O professor comenta ainda que o trabalho em colaboração com os povos indígenas é fundamental para abrir outras frentes de atuação e destacar as capacidades de mobilização política em defesa das culturas, identidades e territórios.

Distribuição dos livros aos indígenas

Como uma das formas de devolver os resultados gerados pelos trabalhos, duas mil cópias do livro serão entregues a escolas indígenas. A princípio, as unidades destinatárias se localizam nos nove municípios que compõem a região do Alto Solimões no Amazonas, onde se encontram os territórios do povo Tikuna. Posteriormente, as obras poderão ser distribuídas a outros públicos.

Todo o trabalho contou com a participação de lideranças indígenas, especialistas do povo Magüta e professores bilíngues e tradutores que permitiram a organização das histórias com cuidado e rigor linguístico. A elaboração dos livros e a entrega dos exemplares nas comunidades foram possíveis graças à Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado do Amazonas, através da Lei Aldir Blanc, por meio do edital “Cultura Criativa – Prêmio Feliciano Lana”.

Para conferir o livro, acesse o arquivo abaixo.

Texto: Guilherme Oliveira/ASCOM UEA

Edital