Aluno indígena da UEA aplica técnicas de engenharia em ritual da Tucandeira

As técnicas de engenharia na aldeia aliam a resistência das tradições à padronização dos processos.

O projeto de extensão do Curso de Engenharia de Produção da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), intitulado ‘Construção de saberes na organização do trabalho em ritual indígena’, propõe garantir a valorização cultural do ritual de iniciação masculina realizado na comunidade indígena Sahu-apé da etnia Sateré Mawé, localizada no município de Iranduba, a 38 km de Manaus.

A atuação da universidade no cotidiano da aldeia foi estabelecida por intermédio do acadêmico indígena Rucian da Silva Vilacio, em conjunto com a turma do curso e as professoras mestras Rejane Gomes Ferreira e Joelma Monteiro de Carvalho. Segundo Vilacio, a partir dos conhecimentos tradicionais, os diálogos para o estudo estão pautados na etnografia, ele explica que o estudo propõe ainda mapear as estruturas do rito da tribo desde a busca pela formiga à recepção de quem está chegando para assistir. “O povo Satere Mawé faz isso a mais de 400 anos e fazíamos esse ritual sem mensurar, sem compreender o motivo de tais procedimentos. Hoje levamos a engenharia para a aldeia para analisar e destrinchar o uso dos materiais de uma maneira mensurável, quantificando até o tempo necessário para a exposição do rito como um produto cultural”.

Vilacio é o primeiro aluno indígena da comunidade familiar a cursar engenharia de produção. A comunidade indígena Sahu-apé alia a resistência das tradições à padronização dos processos desde a preparação do ritual, insumos, pessoal, tempo e técnica. “Eu entrei na universidade com o pensamento de adquirir conhecimento e aplicar na comunidade. Começamos a escrever o projeto, e enxergamos o potencial de evolução que ele possuía, onde a universidade pode ajudar a comunidade pelo uso da engenharia”, ressalta.

No mês de julho, o indígena defenderá, em Brasília, um artigo intitulado ‘Watyama Waku’ que significa ‘obrigado tucandeira’. “Remete ao agradecimento a etnia Sateré Mawé pela inspiração, amor e respeito pela espiritualidade que estão ligados a elementos tradicionais como a formiga e o guaraná”.

Resistência e Tecnologia

A tribo Sahu-apé faz da cerimônia uma das suas fontes de subsistência por meio do turismo, aliando isso a preservação de sua história, misticismo e o folclore. A partir dos conhecimentos tradicionais, os diálogos para o estudo estão pautados na etnografia, fazendo uso das ferramentas e técnicas da engenharia de produção.

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