“Fiquei impressionada com o fato de um concerto dessa magnitude ser apresentado aqui em Parintins, é muito significativo não só para a instituição, mas para toda a comunidade que presenciou. Me encantou a beleza desse espetáculo. Todos ficaram igualmente encantados!” contou Gelsiane Brandão, servidora do Centro de Estudos Superiores de Parintins (CESP/UEA), que pela primeira vez prestigiou a Orquestra da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
O espetáculo fez parte do Projeto ‘100 anos de Claudio Santoro: Vida e Obra’ da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). O responsável pela iniciativa e também maestro, Adroaldo Cauduro, destaca que a proposta é homenagear um dos artistas musicais mais célebres do Amazonas. Ainda de acordo com Adroaldo, a ideia surgiu da profunda admiração pelo artista juntamente com a intenção do reitor da UEA, Cleinaldo Costa, em realizar uma exposição itinerante que atingisse a comunidade acadêmica da capital e interior, além da comunidade em geral.
“Ainda que Santoro seja um dos grandes baluartes da música erudita, não somente brasileira, mas de nível internacional, sua carreira artística e suas obras musicais ainda são pouco conhecidas pelo público em geral. A exposição acessou a comunidade acadêmica da UEA, bem como as comunidades, que puderam ter acesso a obra do maestro”, disse Cauduro.
Pioneirismo
Em meio às comemorações dos 18 anos da Universidade, em agosto de 2019, houve o lançamento do projeto que consistia em uma série de atividades envolvendo exposições, concertos e palestras. Entre as novidades estava à formatação itinerante, que tomou conta de diversos locais de Manaus como Instituto Cultural Brasil – Estados Unidos (ICBEU), o Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM) e Unidades da UEA.
Esta foi a primeira vez que a Orquestra Sinfônica e o Madrigal Amazonas da UEA se apresentaram em locais que, tradicionalmente, não dispõem dessas oportunidades.
Além disso, houve uma conquista para o Projeto e para a difusão da cultura que foi a exposição intitulada ‘Partituras Visuais’, que levou ao público obras originais da artista plástica Sônia Santoro, filha do compositor Claudio Santoro. As produções, como gravuras digitalizadas em tela e fotos, revelam um mundo pessoal e artístico da personalidade do maestro, possibilitando um conhecimento sobre a história, composições e curiosidades.
Emoção no interior
Para os organizadores dos eventos, os olhares fixos e ouvidos atentos do público foram a maior recompensa pelo trabalho. Para muitos, era a primeira vez que viam e ouviam instrumentos eruditos tão de perto. “As pessoas ficavam completamente inebriadas pela música aliada ao texto das poesias cantadas de obras de Santoro. O feedback foi muito satisfatório. Ouvimos comentários bastante positivos. Foram momentos de muito prazer e deleite. Uma alegria poder proporcionar tudo isso”, descreveu o tenor solista, Humberto Viera, do Madrigal da UEA.
Após cumprir toda a programação do projeto, o maestro Adroaldo Cauduro, comentou sobre o sentimento de ter realizado concertos nos municípios de Tabatinga, Parintins e Tefé pela primeira vez. “Fico muito orgulhoso de levar cultura produzida pela própria instituição, através da música. A arte, que é tão transformadora para o interior”, enfatizou.
Sobre Claudio Santoro
Nascido em 23 de novembro de 1919, o amazonense Claudio Franco de Sá Santoro iniciou na música muito cedo. Aos 11 anos estudava violino e aos 13 ganhou uma bolsa de especialização no Conservatório de Música no Rio de Janeiro, financiada pelo Governo do Amazonas. Aos 18 anos já atuava como professor adjunto na instituição.
Compositor, regente, violinista e professor, Santoro tem sua obra norteada pelas mais variadas tendências estéticas e técnicas de composição que contemplavam a música erudita internacional em sua contemporaneidade, porém mantendo um estilo seu, caracterizado pela prevalência da linha melódica e pela afluência timbrística. Compôs diversas obras até hoje muito bem recebidas pelo público, como a Ópera Alma, um dos destaques do XXII Festival Amazonas de Ópera. Chegou a ser convidado para dirigir importantes orquestras filarmônicas e sinfônicas do mundo como as de Leningrado, Bucarest, do Porto e Estatal de Moscou.
Claudio Santoro morreu aos 69 anos, em Brasília, no dia 27 de março de 1989. O artista totalizou em seu catálogo mais de 600 composições completas: uma Ópera, 14 Sinfonias, obras para instrumento solo, de câmara, eletroacústicas e para o cinema. Recebeu condecorações do Governo do Amazonas, da República Federal da Alemanha, Medalha do Mérito do Estado do Amazonas, Ordem do Rio Branco, Ordem do Mérito de Brasília, Governo da Bulgária, Governo da Polônia, Ordem do Mérito do Alvorada, Governo da França e, após sua morte, também o titulo de Cidadão Honorário de Brasília e Doutor Honoris Causa pela Universidade de Brasília.
Texto: Emilie Guimarães/ASCOM UEA
Fotos: Arquivo Pessoal e Joelma Sanmelo/ASCOM UEA