Curta-metragem feito por egressos da UEA é indicado no Festival de Cinema de Gramado

"Neste momento, fazer arte é resistir", destacou a diretora de fotografia do curta, Valentina Ricardo.

O curta-metragem ‘O Barco e o Rio’, criado pelos egressos do curso tecnológico em Produção Audiovisual da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Bernardo Abinader e Valentina Ricardo, está concorrendo na categoria Curta-metragem Nacional do 48º Festival de Cinema de Gramado – um dos mais importantes eventos de cinema do país. É a primeira vez que um curta-metragem do Amazonas participa do Festival de Gramado em sessão competitiva.

O curta conta a história das irmãs Josi e Vera, que apesar de viverem em mundos completamente diferentes, precisam conviver juntas para cuidarem de um barco que foi herança de família e fica na zona portuária de Manaus. Enquanto Vera é religiosa e trabalhadora, Josi gosta de beber na balsa amarela e viver sua sexualidade de forma mais livre.

De acordo com o diretor e roteirista, Bernardo Abinader, o objetivo do curta foi abordar assuntos como identidade, sexualidade, gênero, relações familiares e, também, como esses temas são influenciados pelas dificuldades financeiras. A ideia surgiu numa atividade realizada em sala de aula, quando eram alunos da UEA, mas sempre houve o desejo de explorar o ambiente do porto e a riqueza estética do Rio Negro.

“Espero que o nosso curta faça as pessoas terem acesso a outros olhares acerca da nossa região, e que isso diminua a tendência de se criar estereótipos sobre o Amazonas. Acredito que esse é um dos papeis principais da cultura, mostrar que existem várias histórias e não uma só, sobre uma determinada região, cultura e comunidade”, disse Bernardo.

A Diretora de Fotografia do curta, Valentina Ricardo, comenta sobre a importância do cinema do Norte alcançar outras telas e públicos, situação que é possível a partir da visibilidade que os festivais proporcionam. “No Amazonas temos uma categoria de trabalhadores do audiovisual muito apaixonada e engajada, e é importante que a gente possa contar nossas histórias, que o cinema tenha outros sotaques e outras cores”, enfatizou Valentina.

“Ultimamente estamos acompanhando um processo de desmonte da cultura e da arte no Brasil. É um apagamento também da nossa história, das nossas subjetividades, da multiplicidade. Precisamos pensar na arte também como uma necessidade básica do ser humano, que nos nutre além do mundo material. Neste momento, fazer arte é resistir”, concluiu Valentina.

Como nasceu

As primeiras conversas sobre “O Barco e o Rio” surgiram na UEA, em 2018. Na época, Valentina e Bernardo já haviam realizado outros trabalhos e curtas universitários (“Os Monstros”, “Amém” e “A Goteira”) e constituído em parceria com a atriz Ana Oliveira, a Fita Crepe, empresa de cinema e artes cênicas. Em 2019, com o apoio do Edital Prêmio Manaus de Audiovisual foi possível produzir e filmar o projeto.

O curta será exibido nesta quinta-feira, às 19h, no Canal Brasil e ficará disponível por 24h no streaming da emissora (Canal Brasil Play).

Texto: Guilherme Oliveira / ASCOM UEA

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