A aluna do Mestrado Profissional do Programa de Pós-graduação em Enfermagem em Saúde Pública (ProENSP), da Universidade do Estado do Amazonas, Nayra Carla de Melo realizou na dissertação do Mestrado uma pesquisa que visa desenvolver uma tecnologia educativa audiovisual sobre a prevenção da violência obstétrica para gestantes e acompanhantes nas unidades públicas de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS).
Nayra conta que ao atuar como enfermeira obstétrica na sala de parto de uma maternidade do SUS presenciava muitas posturas e atitudes desrespeitosas dos profissionais com as pacientes e acompanhantes, que eram sujeitos à posição de submissão durante a assistência. Mas também presenciou nascimentos naturais onde as pacientes atuaram ativamente no processo de trabalho de parto, de maneira que o desfecho gestacional foi satisfatório e as mães relataram sensação de superação.
Dessa forma, a enfermeira percebeu que a postura da mulher no cenário de nascimento é um dos fatores determinantes para uma assistência segura, visto que na medida em que ela protagoniza todo o processo além do trabalho de parto, este acontece mais rápido e impede posturas inadequadas dos profissionais de saúde.
“A invisibilidade da mulher no parto tem uma relação muito próxima com a cultura patriarcal, que desconsidera o poder de decisão da mulher em relação ao seu corpo e sua sexualidade, além de naturalizar os atos de violência que ocorrem durante a assistência. Já a violência obstétrica tem relação direta com a formação profissional, que é eminentemente medicalocêntrica e padroniza os processos fisiológicos”, conta.
De acordo com Nayra, por meio de educação em saúde mediada por tecnologias educacionais, é possível ressignificar o nascimento e ainda desconstruir o sofrimento nas etapas de gestar e parir. Essas tecnologias precisam ser incorporadas ao pré-natal, que é o momento mais oportuno para preparar as gestantes e acompanhantes.
Segundo a Nayra, a utilização do vídeo educativo durante o pré-natal certamente suscitará reflexões e momentos de discussões com a construção do conhecimento. Além disso, essa tecnologia educacional audiovisual favorecerá a interação entre os profissionais e pacientes durante as atividades educativas, ajudando na construção e fortalecimento de vinculo. A temática abordada é provocadora e instiga repensar no processo de trabalho dos próprios profissionais de saúde.
Quanto à defesa da dissertação, a recém-mestra afirma ter tido as expectativas superadas, tendo em vista que ocorreu pela plataforma Google Meet e transmitida também no canal do ProENSP no YouTube. “Meu orientador, professor Eduardo Honorato foi incrível durante todo o processo, me senti segura e confiante com o trabalho desenvolvido. As colocações e contribuições de todos os professores da banca de avaliação foram excelentes”, lembra.
Em relação à contribuição da UEA com o crescimento profissional de Nayra, a enfermeira recorda que a cada módulo concluído o projeto se tornava mais robusto, a partir da inserção dos conhecimentos adquiridos em cada disciplina. As metodologias desenvolvidas pelos professores em todas as disciplinas conduziram a aprendizagem de maneira ativa e o amadurecimento pessoal. “Hoje tenho uma percepção muito clara da importância da qualificação profissional para mudança de processos de trabalho e cenários assistenciais”, conclui.
Texto: Guilherme Oliveira / ASCOM UEA