Analisar como os hospitais e maternidades brasileiras apoiam mães com suspeita ou diagnóstico de coronavírus (Covid-19). Este é o objetivo da pesquisa “O impacto do surto de coronavírus nas diretrizes de amamentação em hospitais e maternidades brasileiras: um estudo transversal”. O professor da Escola Superior de Ciências da Saúde da Universidade do Estado de Amazonas (ESA/UEA), Rodrigo Ferreira, participou da composição da pesquisa multicêntrica com os dados do Amazonas. Além do professor Rodrigo, o trabalho também contou com pesquisadores de outras instituições e foi publicado no repositório da “Johns Hopkins – Center for humanitarian health”.
A pesquisa se trata de um estudo transversal descritivo e multicêntrico que coletou dados de 24 hospitais e maternidades brasileiras entre março e julho de 2020. Representantes das instituições responderam a um questionário baseado em atos de promoção e apoio ao aleitamento materno, Iniciativa Hospital Amigo da Criança e recomendações da legislação federal do Brasil.
Contato com a mãe
De acordo com Ferreira, os resultados mostram que, nas salas de parto, 98,5% dos serviços proibiam o contato pele a pele imediato e ininterrupto entre as mães e bebês, e não apoiavam as mães para iniciar a amamentação na primeira hora. Na enfermaria pós-natal, 98,5% dos serviços permitiam a amamentação ao mesmo tempo em que implantavam práticas de higiene respiratória para prevenir a transmissão do COVID-19. Acompanhantes de mães eram proibidos em 83,3% dos hospitais. A alta hospitalar, cujas diretrizes não eram individualizadas, ocorreu principalmente entre 24 e 28 horas, em 79,1%.
“Além disso, em 83,3% das unidades, percebeu-se a falta de apoio da rede comunitária de saúde do ambiente domiciliar. A amamentação hospitalar e domiciliar foi permitida em 87,5%, mas a doação de leite materno não foi aceita em 95,8%. Faltaram orientações quanto ao uso de estratégias de conforto infantil. Diretrizes específicas para populações vulneráveis não foram abordadas no material avaliado”, apontou Rodrigo. O pesquisador ainda enfatiza que a comunidade científica precisa discutir como melhorar os serviços de cuidados materno-infantis, para proteger a amamentação na atual pandemia.
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