Projeto de extensão da UEA desenvolve tecnologia para prevenção de mortes e roubo de motos

Laboratório de Sistemas Embarcados (LSE-HUB/UEA), coordenado pelo professor Raimundo Cláudio, cria dispositivo capaz de reconhecer furtos, roubos e até mesmo acidentes de trânsito com motocicletas

Quem de nós não acorda todos os dias e fica sabendo, pelos jornais, sobre acidentes, roubos, furtos e mortes no trânsito relacionados a motocicletas? Isso chamou a atenção de um grupo de alunos dos cursos de Engenharia Elétrica e Engenharia Eletrônica da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) que, por meio de um projeto de extensão coordenado pelos professores Fábio Cardoso e Israel Gondres, desenvolveram um protótipo conceito que, utilizando sensores embarcados, reconhece e sinaliza ao proprietário da motocicleta que está ocorrendo uma tentativa de furto.

O sistema também é capaz de neutralizar um roubo, desligando o circuito elétrico da moto em um tempo pré-determinado, mostrando sua localização por GPS, para que a mesma seja recuperada. O referido sistema foi projetado para reconhecer um acidente de trânsito e, automaticamente, emitir alerta ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), o que proporciona maior agilidade no atendimento de primeiros socorros, potencializando as chances de sobrevida do condutor.

“Basicamente, os projetos nascem em função da interpretação de um problema cotidiano por parte de um conjunto de pessoas – no nosso caso, estudantes dos cursos de Engenharia Elétrica e Engenharia Eletrônica – que afeta a sociedade de forma direta. Foram utilizados elementos da metodologia PBL (Project Based Learning, ou aprendizado baseado em projeto), implementamos ferramentas e técnicas no contexto acadêmico tanto quanto na prática”, explica o coordenador do projeto, o professor Fábio Cardoso, engenheiro biomédico e coordenador de projetos no Laboratório de Sistemas Embarcados (LSE-HUB/UEA).

O reitor da UEA, Prof. Dr. André Zogahib, se diz satisfeito com o resultado dos estudos dos alunos de Engenharia e reafirma o compromisso de sua gestão com os projetos de pesquisa e extensão. O objetivo, segundo ele, é ajudar no crescimento desses futuros profissionais para que, no futuro, possam contribuir com a sociedade por meio dos conhecimentos adquiridos nos bancos da universidade.

Quem desenvolveu o protótipo

A equipe, composta pelos alunos Felipe Corrêa, Carlos Emanuel e Ana Maciel, desenvolveu, de forma cooperativa, com os alunos do LSE, Arlley Gabriel e Matheus Assunção, o protótipo conceito que visa pôr à prova todas as várias funcionalidades do sistema, dotado de sensores e camadas de segurança, a fim de manter seu funcionamento em caso de possíveis danos.

“Nossa equipe implementou sensores que percebem impactos e variações de inclinação. Com isso, temos como determinar quando ocorre uma queda na motocicleta e/ou um impacto externo, que é o que primeiramente caracteriza um acidente”, aponta Felipe Corrêa, líder técnico do desenvolvimento do protótipo.

“Também instalamos módulos GNSS (GPS) e GSM (comunicação celular) para termos a localização do veículo em tempo real e a possibilidade de emitir os alertas de furto/acidente pela rede celular, que é a mais abrangente dentro do contexto de aplicação do sistema”, explica Corrêa.

Segundo o aluno, utilizando um aplicativo para smartphones, o usuário do sistema cadastra suas informações biométricas e o sistema somente aciona a moto pelo leitor de impressão digital, parecido com o de uma urna eletrônica, acoplado ao guidão. “Com o app também é possível cadastrar outros usuários e receber as notificações de furto ou tentativas de violação do veículo, junto à sua localização em tempo real”, acrescenta Corrêa.

Trabalho realizado durante a pandemia

Vale ressaltar que o sistema foi desenvolvido em meio à pandemia de 2019, o que trouxe grandes desafios ao trabalho de prototipagem e testes eletrônicos, tendo em vista a necessidade da permanência em quarentena e distanciamento social. Para isso, uma parte do quarto de um dos integrantes da equipe foi transformado em laboratório. E ali foram construídos os módulos eletrônicos do sistema.

“Em função da pandemia, os alunos tiveram que atuar de forma mais distanciada. Senão fosse por isso, em tempos considerados normais estaríamos concentrados no laboratório, até mesmo com mais integrantes, desenvolvendo a solução. Nosso papel é direcionar e dar o suporte tecnológico, definir os requisitos e arquitetura do sistema. Mesmo assim, os alunos conseguiram atingir, satisfatoriamente, o objetivo”, complementa o professor Fábio Cardoso.

“Tivemos um grade desafio ao testar os sistemas embarcados em uma moto real, porque tivemos que aprender sobre os esquemas elétricos da moto e os circuitos responsáveis pela ignição e funcionamento da mesma. O tio do Felipe gentilmente cedeu a moto para que pudéssemos desmontá-la e testar as funções do sistema”, informa Carlos Emanuel que, cooperativamente, desenvolveu os componentes de hardware e software da solução tecnológica.

Sistema reconhece sinais vitais da vítima

O sistema também está predisposto a reconhecer padrões de sinais vitais do condutor da moto. Isso pode tornar-se a diferença entre a vida e a morte em caso de acidentes no trânsito. São essas informações que garantem à equipe de socorro o necessário para poder trabalhar de forma mais assertiva e eficaz.

“Esse é um protótipo conceito. Ele é considerado o primeiro passo em direção a um produto comercial. Após esta etapa, é desenvolvido o protótipo produto e, então, o produto. Estamos abertos a investimentos por parte da indústria, já que esse sistema representa um impacto positivo gigantesco ao cotidiano de quem se vale dos veículos de duas rodas como meio de transporte ou trabalho”, salienta o prof. Fábio.

“O sistema assegura um direito básico do cidadão, que é o direito à segurança. Além de um sistema antifurto, com a tecnologia embarcada, podemos criar mecanismos e executar protocolos de socorro capazes de reduzir os trágicos números das atuais estatísticas”, comenta o professor Israel Gondres.

O laboratório de sistemas embarcados, por meio de seus alunos desenvolvedores, cria soluções para problemas reais e relevantes ao público em geral, por meio da inovação e tecnologia.

Texto: UEA

Fotos: David Ossorio / LSE UEA

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