A Editora da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) está divulgando o lançamento da versão em e-book do livro “A Fala Manauara: documentação e análise linguística dos fenômenos variáveis do português falado/escrito em Manaus”. A obra, que consiste em uma coletânea de estudos realizados pelo projeto Fala Manauara Culta e Coloquial (Famac), do Núcleo de Estudos e Pesquisas Linguísticas Aplicadas à Educação (Neplae), foi organizada pelo Prof. Dr. Valteir Martins, a Prof.ª Pós-doutora Silvana Martins e a Prof.ª Ma. Jussara Araújo.
Lançado em formato físico em 2019, a publicação conta, agora, com versão digital e, em breve, será lançada a segunda parte, intitulada “A Fala Manauara II – Variação e Ensino”, via e-book. Em entrevista exclusiva à Assessoria de Comunicação da UEA (Ascom/UEA), a professora Silvana Martins contou um pouco sobre a motivação por trás do livro, bem como os objetivos da obra e as atividades desenvolvidas no Neplae.
Ascom UEA – Quais foram as motivações para a criação do livro?
Prof.ª Silvana – Desde a criação do Neplae, em 2008, nos interessamos em pesquisar, documentar e analisar a diversidade do português praticado em Manaus, que nós denominamos como a “Fala Manauara”. Ao longo de mais de três séculos de existência, Manaus recebeu, e ainda recebe, pessoas dos mais diferentes lugares, etnias e classes sociais. Do ponto de vista sociolinguístico, essa constituição social formadora da fala manauara é um importante fator a ser investigado, para que possamos conhecer os fenômenos linguísticos na transformação do português, que ocorreu por meio da efervescência dos encontros de diversos falares do português com as línguas indígenas que, juntos, formaram e continuam formando a Fala Manauara.
Ascom UEA – O que se almeja com a publicação da obra?
Prof.ª Silvana – Em outras capitais do país, os estudos sobre a variação do português nas metrópoles ocorre desde a década de 1970. Além de contribuir com o preenchimento desta lacuna no Amazonas, nosso principal objetivo é contribuir para o conhecimento científico sobre a diversidade da língua portuguesa falada pelos habitantes daqui, identificando as características de cunho linguístico da fala local.
Ascom UEA – Qual o nível de influência das linguagens de outros estados, regiões e países na fala manauara?
Prof.ª Silvana – É, com toda certeza, uma influência inegável por se tratar de um fenômeno inerente à própria linguagem. As línguas são dinâmicas e altamente variáveis, uma vez que, aos nos comunicarmos com interlocutores de outras comunidades de fala, influenciamos e somos influenciados pelas diferentes formas de expressão de ambas as línguas. Por conta, sobretudo, dos ambientes virtuais, a comunicação com pessoas de outras partes do Brasil e do mundo têm se intensificado, impulsionando a utilização de uma série de estrangeirismos e expressões de outras regiões do país. É fato também que, graças a esse processo, algumas expressões regionais estão caindo no esquecimento ou sendo substituídas.
Ascom UEA – Como estão organizadas as pesquisas dentro do livro e qual foi a linha seguida?
Prof.ª Silvana – O livro é dividido em três partes: Manaus e o Projeto Famac; Análises fonético-fonológicas; e Análises morfossintáticas e aspectos lexicais. Nele, são apresentados 11 estudos desenvolvidos pelo Neplae, na linha de pesquisa de “Documentação em Análise da Fala Manauara”. Nós, organizadores, também somos autores da maioria dos capítulos e, juntos, escrevemos o capítulo A Fala Manauara.
Ascom UEA – Como se encontram as pesquisas no ramo da linguística na região atualmente?
Prof.ª Silvana – No nosso estado, as pesquisas têm avançado muito. Era comum ouvirmos que, em vários aspectos da variedade linguística do português do Amazonas, havia uma lacuna. Porém, com os trabalhos de pesquisadores de diversas Instituições de Ensino Superior (IES), como da própria UEA, importantes contribuições têm sido feitas. Também é importante ressaltar os egressos da nossa universidade que prosseguem seus estudos na área de linguística dentro dos programas de pós-graduação disponíveis na região.
Ascom UEA – Conte-nos sobre o Neplae.
Prof.ª Silvana – O Núcleo de Estudos e Pesquisas em Linguística Aplicada ao Ensino é um grupo de pesquisa da UEA, credenciado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), liderado pelo Dr. Valteir Martins e coliderado por mim. Formado em 2008, uma das linhas de pesquisa do Neplae é justamente o projeto Famac, formado por doutores, mestres, graduados e graduandos, envolvendo a orientação de dissertações, trabalhos de conclusão de curso e de iniciação científica. A atuação do núcleo tem contribuído, principalmente, para a produção e divulgação de conhecimentos científicos a respeito da linguagem como prática social e sua relação com o ensino.
Para conferir o livro, na íntegra, acesse o link disponível abaixo.
Texto: Pedro Xavier/Ascom UEA.