UEA participa de estudo sobre inclusão de estudantes indígenas no ensino superior

Proposta faz parte de livro escrito por jovens pesquisadores que reúne sugestões para enfrentar os desafios da região Amazônica

A Escola São Paulo de Ciência Avançada Amazônia Sustentável e Inclusiva lançou, dia 14/11, o livro intitulado “Diálogos Amazônicos: contribuições para o debate da sustentabilidade e inclusão”, com acesso gratuito em português, espanhol e inglês. A obra retrata os desafios para a inclusão, acesso e permanência de estudantes indígenas na universidade e teve como foco a experiência na Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

A porta-voz do estudo foi a professora Vivian Battaini, da Escola Normal Superior (ENS/UEA). Ao longo dos últimos anos, a quantidade de indígenas no nível superior aumentou de 8.411, em 2009, para 72.086, em 2019. Ainda assim, o número de matriculados ainda é pequeno se comparado ao número de indígenas no Brasil.

O livro analisou uma série de desafios a serem enfrentados, tais como melhorar o acesso e a permanência dos povos indígenas no ensino superior, evitar a discriminação e promovê-los a cargos representativos nas instituições universitárias.

Rafael Lembi, doutorando em Sustentabilidade pela Universidade Estadual de Michigan, explica que o texto foi produzido por um grupo de pesquisadores não indígenas em um processo formativo no escopo da Escola São Paulo de Ciência Avançada e visa reconhecer e amplificar as vozes indígenas que já discutem esta questão.

“Nosso objetivo com este trabalho de síntese é contribuir com um compilado da literatura para dar destaque ao tema junto à comunidade acadêmica e agências de fomento. Esperamos facilitar mudanças para que as estruturas de governança universitária possam ser mais justas e inclusivas”, ressaltou.

Apesar das cotas de vestibular específicas para esse público e o oferecimento de cursos com enfoque em demandas indígenas (como a Licenciatura para Professores Indígenas e Licenciatura Intercultural Indígena), Programas de Assistência Estudantil com auxílios socioeconômicos, transporte, alimentação e atendimento psicossocial, os autores retratam a falta de inclusão dos saberes indígenas nas instituições.

“Esperamos que esse trabalho mobilize tomadores de decisão em universidades brasileiras, principalmente da UEA, para pensar e agir em direção a um ensino superior pensado junto aos povos indígenas”, diz Vivian Battaini, da ENS/UEA e co-autora do capítulo.

Sobre a Escola São Paulo de Ciência Avançada Amazônia Sustentável e Inclusiva – Faz parte das diversas ações da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp) junto à Iniciativa Amazônia +10 , que reúne as Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa de 25 Estados brasileiros, sob a coordenação do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para apoiar a pesquisa científica e o desenvolvimento tecnológico da região. A publicação reforça a importância dos esforços de inclusão, a colaboração interdisciplinar e a integração de conhecimentos para enfrentar os complexos desafios da região amazônica.

Os trabalhos produzidos compilados e organizados nesta publicação são o resultado da combinação de experiências anteriores, conhecimentos e lições aprendidas – individual e coletivamente. Refletem, portanto, o aprendizado e amadurecimento dos participantes”, avalia Carlos Joly, do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas, um dos coordenadores da proposta.

A Escola contou com a participação de 88 jovens pesquisadores, todos envolvidos em pesquisas na Amazônia, sendo 60% brasileiros e 40% de países amazônicos como Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Suriname, Venezuela e extra-amazônicos como Guatemala, México, Estados Unidos, Itália e Países Baixos.

O livro é composto por 10 capítulos que abordam diferentes problemas da região e trilham caminhos para análise, tomada de decisão e de ação. Os capítulos são organizados em três sessões: a primeira destinada à análise dos vetores de degradação e impactos de larga escala na bacia Amazônica; a segunda sessão versa sobre a inclusão e diversidade cultural na bacia Amazônica, tanto no nível local quanto no transnacional; e a terceira analisa os aspectos relacionados à governança local, participação e transdisciplinaridade.

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