Professor da UEA defende tese de doutorado sobre Língua de Sinais para indígenas surdos

A pesquisa foi inspirada na experiência do professor ao lecionar Libras para o curso de Pedagogia Intercultural Indígena, em 2018

O Prof. Dr. Marcos Roberto dos Santos, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), concluiu sua tese de doutorado, intitulada “O Povo da Água: a Emergência da Língua Omágua-Kambeba de Sinais, uma Descrição Multimodal”. A pesquisa concentrou-se na Língua Omágua-Kambeba de Sinais (Loks), falada por surdos da etnia Omágua-Kambeba em São Paulo de Olivença (distante 985 quilômetros de Manaus).

Inspirado por sua experiência ao lecionar Libras para o curso de Pedagogia Intercultural Indígena, em 2018, o professor destaca a urgência de valorizar os sinais realizados por indígenas surdos. A escolha da etnia Omágua-Kambeba foi influenciada pelo contato com a cacica-geral Eronilde Fermin Omágua e pelo apoio da liderança local.

Ele ressalta a importância do tema, enfocando a necessidade do olhar da academia e da sociedade para as Línguas Indígenas de Sinais (LIS). Aponta a falta de inclusão efetiva das LIS nas políticas de Educação Escolar Indígena e Educação Bilíngue de Surdos, destacando as consequências para a educação dos indígenas surdos.

Quanto às expectativas da tese, o professor destaca o sucesso em identificar e analisar fenômenos linguísticos, nomeando a língua como Língua Omágua-Kambeba de Sinais (Loks). “Acredito que a principal expectativa era ter base no corpus da pesquisa para fundamentar a tese de que se trata, realmente, de uma língua de sinais. A pesquisa foi exitosa nesse sentido, pois vários fenômenos linguísticos foram identificados e analisados. Passamos a nomear essa língua como Língua Omágua-Kambeba de Sinais (Loks).”

Ele destaca a importância das políticas educacionais e a necessidade de o Poder Público considerar os indígenas surdos em seus planejamentos. “O Poder Público, em geral, precisa visualizar os indígenas surdos em seus planejamentos para que tenham sua língua e cultura valorizadas e respeitadas. Só assim terão a oportunidade do pleno exercício de sua cidadania e do acesso aos direitos humanos linguísticos”, finalizou o professor.

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