Autoridade em estudos amazônicos, o autor Francisco Foot Hardman inicioou a agenda de conferências pela capital amazonense divulgando o lançamento do seu livro, a nova edição revisada da obra “A vingança de Hileia: Amazônia de Euclides e a utopia de uma nova história”. O evento aconteceu na última sexta-feira (2/02), no auditório da Escola Superior de Artes e Turismo da Universidade do Estado do Amazonas (Esat/UEA) e reuniu professores e acadêmicos.
O evento foi mediado pela Prof.ª Dra. Lúcia Marina Puga Ferreira, coordenadora do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas (PPGICH/UEA), responsável pela vinda do pesquisador ao Amazonas. A atividade acontece por meio meio de recursos do programa de extensão Observatório da Cidadania e Relações de Poder, aprovado no Edital 073/2023-GR/UEA – Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Extensão Universitária (Padex).
De acordo com Hardman, que também é professor titular de Literatura e Outras Produções Culturais na Universidade de Campinas (Unicamp), o projeto de pesquisa surgiu através das relações antigas de estudo e de viagens, inicialmente em torno da construção da estrada de ferro Madeira Mamoré, ocorrida no início do século XX, entre 1907 e 1912.
“Foi algo muito impressionante, cognitivista, inclusive da destruição não só da natureza, mas de vidas humanas. No que hoje em grande parte é o estado de Rondônia, antigo território de Guaporé. E lá então eu fiz minhas primeiras viagens, no início dos anos 80. A partir de 1990, mantive um contato muito importante, intenso e rico com a Ufam, especialmente através do projeto do Museu Amazônico, criado e dirigido pela historiadora, colega e amiga Edineia Mascarenhas Dias. Então eu passei a viajar muitas vezes para cá durante os anos 90”, destacou o autor.
Quando perguntado sobre a motivação e inspiração para a criação da obra, Francisco Foot Hardman destacou que partir de estudos literários na Unicamp, onde trabalha, se aproximou da obra de Euclides da Cunha
“Verificamos que ele escreveu vários trabalhos sobre a Amazônia, inclusive tem um importante conjunto de ensaios sobre a região, que lamentavelmente não conseguiu concluir a obra que projetava, porque morreu prematuramente, mas o livro saiu em 1909. Então trabalhamos muito com a margem da história, Euclides não só descobriu a Amazônia, falou da importância dela, em grande parte ainda ignorada pela bibliografia no Brasil. Nos inspiramos nessas visões pioneiras e fomos reunindo esses ensaios, publicando vários desses estudos que deram origem à “Vingança da Hileia”, a primeira em 2009, agora essa nova edição bastante modificada e ampliada”, destacou.
Relações interinstitucionais
O autor ressaltou, ainda, sobre a importância de manter a relação com as universidades brasileiras. “Eu acredito no trabalho da universidade, sou professor em Campinas, na Unicamp, e a gente tem que se relacionar, a gente tem que abrir relações com as universidades. Nos dias de hoje se fala muito da internacionalização, internacionalização é muito importante, mas a internacionalização começa também com uma nacionalização, sem ser nacionalista, mas no sentido de estabelecer relações importantes com as universidades brasileiras, especialmente com a universidade pública. Nesse caso, a UEA e a Ufam têm um papel fundamental na Amazônia”, destacou.
Sobre o minicurso Amazônia: do Colonialismo À Nova Centralidade para o Brasil e o Mundo e a conferência e lançamento do livro, no Centro de Estudos Superiores de Tefé (Cest/UEA), em Tefé (distante 523 quilômetros de Manaus) Francisco Foot Hardman, destaca: “É a minha primeira vez no município, será uma honra e uma alegria, porque era uma cidade que eu queria conhecer há muito tempo. E graças ao convite da professora Lúcia Puga isso foi possível. E ao professor Guilherme Gitahy de Figueiredo, Antropólogo que faz parte do programa, que está há cerca de 20 anos na região, em Tefé. Então é uma oportunidade de conhecer, trocar e de me informar sobre os trabalhos importantíssimos que eles fazem nas rádios comunitárias, com as populações ribeirinhas e nas comunidades indígenas”, destacou.
Segundo o autor, no Sul do país de onde ele vem, infelizmente, a Amazônia muitas vezes é algo ainda distante, e isso deve ser quebrado por meio de interações em termos de conhecimento e sobretudo da troca entre as pessoas, pois é um grande desafio para a geração atual, finalizou.
Para participar da conferência e do minicurso nos próximos dias, basta acessar o portal da UEA.
Texto e fotos: Valcinei Cunha/Ascom UEA